Conversas com Deus (2)
Pronto, pronto… está bem. Mas entre agora e essa altura – ou, então, pelas pessoas que possam vir a ler estes livros – que vias podem ser utilizadas, aqui mesmo, agora mesmo, para regressar à sabedoria, para regressar à clareza, para regressar a Deus? Temos de regressar à religião? É esse o elo perdido?
Regressem à espiritualidade. Esqueçam a religião.
Essa afirmação vai irritar muita gente.
As pessoas reagirão a todo este livro com irritação… a menos que não reajam.
Porque é que dizes esqueçam a religião?
Porque não é boa para vós. Compreendam que para a religião organizada ter sucesso, tem que fazer com que as pessoas acreditem que precisam dela. Para as pessoas terem fé noutra coisa, têm primeiro de perder a fé em si próprias. Portanto, a primeira tarefa da religião organizada é fazer-te perder a fé em ti próprio. A segunda tarefa é fazer-te ver que tem as respostas que tu não tens. A terceira e mais importante é fazer-te aceitar as suas respostas sem as questionar.
Se questionas começas a pensar! Se pensas, começas a regressar àquela Fonte Interior. A religião não te pode deixar fazer isso porque é provável que surjas com uma resposta diferente da que ela inventou. Portanto a religião tem que te fazer duvidar do teu Eu; tem que te fazer duvidar da tua capacidade de pensar claramente.
O problema da religião é que, com frequência, isto faz ricochete – porque se não puderes aceitar sem duvidar os teus próprios pensamentos, como podes não duvidar das novas ideias sobre Deus que a religião te deu?
Muito brevemente, até duvidas da Minha existência – da qual, ironicamente, nunca duvidaste antes. Quando vivias de acordo com o teu conhecimento intuitivo, podias não Me ter compreendido totalmente, mas sabias definitivamente que Eu estava lá!
Foi a religião que criou os agnósticos.
Qualquer pensador lúcido que examine o que a religião tem feito, tem que assumir que a religião não tem Deus! Porque foi a religião que encheu o coração dos homens do temor de Deus, enquanto que houve tempo em que o homem amava Aquilo Que É em todo o seu esplendor.
Foi a religião que ordenou aos homens que se curvassem perante Deus, quando em tempos o homem se ergueu de braços estendidos com alegria.
Foi a religião que sobrecarregou o homem com preocupações sobre a ira de Deus, quando em tempos o homem procurava Deus para o aliviar do seu fardo.
Foi a religião que disse ao homem para ter vergonha do seu corpo e das suas funções naturais, quando em tempos o homem celebrou essas funções como as maiores dádivas da vida!
Foi a religião que ensinou que precisam de um intermediário para chegar a Deus, quando houve tempo em que consideravam ter alcançado Deus vivendo simplesmente a vossa vida no bem e na verdade.
E foi a religião que ordenou aos humanos que adorassem Deus, quando houve tempo em que os humanos adoraram Deus porque era impossível não O adorar!
Em toda a parte onde a religião chegou criou desunião – que é o oposto de Deus.
A religião separou o homem de Deus, o homem do homem, o homem da mulher – algumas religiões até dizem ao homem que ele está acima da mulher, tal como proclamam que Deus está acima do homem – dando assim azo às maiores caricaturas alguma vez impingidas a metade da raça humana.
Eu vos digo: Deus não está acima do homem, e o homem não está acima da mulher – não é essa a “ordem natural das coisas” – mas é a maneira como todos os que tinham poder (nomeadamente os homens) queriam que fosse quando formaram as religiões patriarcais, apagando sistematicamente metade do texto da versão final das “sagradas escrituras” e distorcendo o resto para se adaptar ao molde do seu modelo masculino do mundo.
É a religião que ainda hoje insiste que as mulheres são de certa forma inferiores, de alguma forma cidadãs espirituais de segunda classe, algo “inadequadas” para ensinar a Palavra de Deus, pregar a Palavra de Deus ou ministrá-la ao povo.
Como crianças, ainda estão a discutir que sexo é ordenado por Mim para serem Meus sacerdotes!
Eu vos digo: Todos vós sois sacerdotes! Cada um de vós.
Não há nenhuma pessoa ou classe mais “adequada” para fazer o Meu trabalho do que outra.
Mas tantos homens são tal e qual as nações. Sequiosos de poder. Não gostam de partilhar o poder, apenas de o exercer. E construíram o mesmo tipo de Deus. Um Deus sequioso de poder. Um Deus que não gosta de partilhar o poder mas apenas de o exercer. No entanto eu vos digo: O supremo dom de Deus é a partilha do poder de Deus.
Eu queria que vocês fossem como Eu.
Mas nós não podemos ser como Tu! Isso seria blasfémia.
A blasfémia é terem-vos ensinado essas coisas. Digo-vos: Vocês foram feitos à Imagem e Semelhança de Deus – é esse o destino que vieram cumprir.
Vocês não vieram aqui para se esforçarem e lutarem e nunca “chegarem lá”. Nem vos enviei numa missão impossível de cumprir.
Creiam na bondade de Deus e creiam na bondade da criação de Deus – nomeadamente, nos vossos Eus sagrados.
Fonte: Conversas com Deus de Neale Donal Walsch
NAMASTÊ