Dr.ª Verónica Albuquerque Rufino
A Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama (APAMCM) nasceu em Abril de 1998 e tornou-se uma IPSS em 1999. Criada por um grupo pluriprofissional, tem como missão proporcionar uma melhor qualidade de vida ao doente com patologia mamária.
Para que esta missão seja cumprida, o atendimento personalizado e as várias acções promovidas são fundamentais. Contamos com 50 profissionais voluntários de diversas áreas de intervenção: assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e advogados. Promovemos, ainda, outras acções que completam todo o apoio terapêutico – o Reiki, a pintura, a biodanza e as actividades lúdicas – artesanato, aulas de inglês e francês e mushing.
Outro objectivo primordial desta Instituição é promover a formação/informação, organizando seminários, cursos, acções de sensibilização e palestras direccionados aos técnicos de saúde e à própria comunidade.
É na partilha dos conhecimentos que assenta a verdadeira equidade. Vivemos numa sociedade em que todos dependemos uns dos outros e do trabalho de todos. Apresentando os indivíduos com cancro da mama necessidades multidimensionais, tornam premente uma abordagem multidisciplinar e holística.
Ora, talvez por estar ligada à problemática, exercendo as funções de fisioterapeuta há mais de 20 anos, fez-se sentir a necessidade de criar uma associação deste género.
A fisioterapia é uma área importante de intervenção em oncologia.
A própria natureza do trabalho do fisioterapeuta requer uma invasão constante do espaço pessoal do indivíduo, pois existe a necessidade de tocá-lo onde ele está relutante em se tocar. Este aspecto precioso do tratamento providencia um veículo para os doentes verbalizarem os seus medos, colocarem questões e expressarem as suas ansiedades.
Esta panóplia de informação cimentou a premência de uma associação diferenciada.
O impacto desta associação na sociedade é muito positivo, quer nas mulheres com cancro da mama, quer nos familiares e amigos que acompanham esse drama, e um dos exemplos é os ateliers que privilegiam momentos de lazer, onde a criatividade e a descontracção andam de mãos dadas...
As aulas de desenho e pintura surgiram na APAMCM em resposta à necessidade ocupacional sentida pelos elementos fundadores e pelas doentes.
É um espaço entre outros que funcionam na Associação, tais como as aulas de Biodanza, de Inglês ou as sessões de Reiki, em que os ou as participantes se sentem pessoas activas e em desenvolvimento através de exercícios físicos e mentais.
Esta participação exige do indivíduo um empenhamento completo, distanciando-o assim dos problemas de saúde, que o afligiram tanto tempo. Aqui o tempo é de evasão, quer através da chamada de atenção para a realidade que nos envolve, nomeadamente a natureza e as suas mutações constantes, ou os seres vivos que nos rodeiam e nos acarinham, de sentirem a nossa receptividade e disponibilidade.
A abertura de horizontes é um dos objectivos a atingir neste grupo: nem tudo se passa no espaço da APAMCM. Há uma passagem de informação e ideias cujo emissor não é apenas a professora ou os elementos directivos, mas também os diferentes elementos que formam o grupo.
Assim, os grupos de trabalho funcionam activamente a nível de informação, técnica e cultural. Visitamos exposições, fazemos pesquisa em casa ou no trabalho, recolhemos elementos que nos pareçam importantes, quer para a realização de trabalhos pessoais, quer para o desenvolvimento de trabalhos de grupo ou de outros colegas.
Esta inter ajuda desenvolve o grupo de maneira a que se estabeleçam elos de amizade, de forma a que a aprendizagem seja estimulada e o sentido de vida em sociedade reforçado. Os trabalhos e as aprendizagens são feitos de forma coerente, para que o indivíduo adquira uma linguagem visual capaz de o fazer comunicar através da imagem, com o seu semelhante.
Mas não só: enquanto realizador/agente de uma obra, as suas tensões são descarregadas/drenadas para o papel, ou qualquer outro suporte pictórico. O exercício da escolha de cores, técnicas e matérias, assim como o contacto manual com esses elementos, traz-nos uma sensação tal que nos esquecemos de tudo o resto. O resultado final destes trabalhos é deveras gratificante e é do agrado geral, para além do próprio autor se sentir grato pelo prazer do resultado obtido.
Link: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/114/
NAMASTÉ