Os chakras não são simples centros energéticos, mas também centros de consciência. A esse respeito, esclarece Anagarika Govinda: "Enquanto que, de acordo com as concepções ocidentais, o cérebro é a sede exclusiva da consciência, a experiência yogue mostra que nossa consciência cerebral é apenas "uma" entre muitas formas possíveis de consciência, e que esta, de acordo com suas funções e natureza, pode ser localizada ou centralizada em vários órgãos do corpo. Estes "órgãos" que coletam, transformam e distribuem as forças que fluem através deles são chamados de chakras ou centros de força. Deles irradiam correntes secundárias de força psíquica, comparáveis aos raios de uma roda, às varetas de um guarda-chuva, ou às pétalas de um lótus" (op. cit., p. 145).
Depois de destacar que os chakras são pontos nos quais as forças psíquicas do corpo se interpenetram, situando-se a sede da alma nos pontos em que o mundo exterior e interior se encontram, conclui: "Por isso, podemos dizer que cada centro psíquico nos quais nos tornamos cônscios desta penetração espiritual torna-se a sede da alma, e que pela ativação ou despertar das atividades dos vários centros nós espiritualizamos e transformamos nosso corpo" (idem p. 145/146).
Jung considera-os também centros de consciência: "uma espécie de graduação de consciência que vai desde a região do períneo até o topo da cabeça" (Fundamentos de Psicologia Analítica, Vozes, 1972, p. 26). Miguel Serrano registrou uma conversa tida com Jung sobre os chakras: "Os chakras, diz Jung, são centros da consciência e Kundalini, a Serpente Ígnea, que dorme na base da coluna vertebral, é uma corrente emocional que une de baixo para cima e também de cima para baixo" (O Circulo Hermético - Hermann Hesse a C. G. Jung, Ed. Brasiliense, 1970, p. 71).
E reafirmou na conversação: "Os chakras são centros de consciência. Os inferiores são centros de consciência animal. Existem outros centros ainda abaixo do Muladhara" (p. 72).
Este ponto de vista também foi sustentado em um seminário (Hauers Seminar. Psychological comentary by C. G. Jung, Zurich, 1932, exemplar datilografado, Bíblíthéque de Jung - cit., por Pierre Weil, Mística do Sexo, E. Itatiaia, pp. 104/105 e 113). Jung observa que na história da humanidade, o centro da consciência sofreu variações e, ainda agora, existem tribos, como dos Pueblos, que situam no coração o centro de consciência. (Fundamentos, pp. 06 e 07). Os ensinamentos esotéricos também indicam que as várias raças-mãe desenvolveram determinados centros preferentemente (Coquet, op. cit., pp. 35/37).
Jung (cit. por Pierre Weil, Mística do Sexo, pp 104/105), interpreta estes vários centros assinalando o grau de consciência de cada um deles:
Ø Centro fundamental - mundo dos instintos - consciente.
Ø Centro sacro - entrada no inconsciente - novo nascimento - batismo.
Ø Centro umbilical – emoções – paixões - o inferno.
Ø Centro cardíaco - começo do self – sentimento - pensamento e valores. Individuação.
Ø Centro laríngeo - reconhecimento da independência da psique - pensamento abstrato – conceitos - produtos da imaginação.
Ø Centro frontal - união do self no todo, não no ego.
Ø Centro coronário - nirvana.
A referência aos chakras como centros de consciência permite-nos entender uma passagem de O Livro dos Espíritos, aparentemente defasada no tempo, mesmo na época de sua recepção.
No item 146, Allan Kardec registrou o ensinamento dos Espíritos sobre a sede da alma:
"146. A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita?
- Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a humanidade.
a) Que se deve pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?
- Quer isso dizer que o Espírito habita de preferência essa parte do organismo, por ser aí o ponto de convergência de todas as sensações. Os que a situam no que consideram o centro da vitalidade, esses a confundem com o fluído ou princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma se encontra especialmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais."
Naturalmente que, do ponto de vista físico, na época de Kardec já se considerava o cérebro como a sede do pensamento, pelo que não havia razão para referência ao coração, como sede da alma, nem à outra parte do organismo físico. A referência, portanto, era aos chakras localizados à altura do coração ou à altura do cérebro, com suas ligações correspondentes, centros de ligação preponderante da alma ao corpo físico.
Segundo André Luiz, as três regiões fundamentais no processo de liberação da alma (e conseqüentemente de ligação do perispírito ao corpo físico) são: "o centro vegetativo ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax; e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.” (Obreiros de Vida Eterna, FEB, 1956, p. 210). Isto significa que o perispírito está mais ligado a determinadas regiões.
Anota Alice Bailey que na humanidade comum o centro laríngeo está começando a despertar (Jung dizia que o europeu pensa pela garganta, Miguel Serrano, op. cit., p. 71), enquanto os centros cardíaco e coronário dormem. Mas, “no ser humano altamente evoluído, no líder da raça, o filósofo intuitivo e o cientista, assim como nos grandes santos, o centro coronário e o cardíaco começam a fazer sentir sua vibração; determina-se a prioridade do coronário e do cardíaco pelo tipo de pessoa e pela qualidade de consciência emocional e mental." (El alma y su mecanismo, Kier, B. Aires, 1967, pp. 110/1).
A observação coincide com o ensino constante do Item 146 de O Livro dos Espíritos.