O Mestre Usui teve a sua experiência no campo dos mendigos. Quando estava caído na lama, o corpo num buraco, foi quando o seu pensamento fluiu. “Ah, cometi um grande erro! Todas as igrejas estavam certas – primeiro o espírito. Aqui, eu não preguei o lado espiritual. Estava tão interessado em curar o corpo que pensei que a melhor coisa seria curar o corpo e ajudá-los a sentir-se suficientemente bem para poderem apreciar esse bem-estar, e depois irem, então, para o mundo como pessoas normais.” Mas ele falhou. E nessa altura nasceram os cinco ideais [5 princípios]. E nestes ideais, onde falharam os mendigos? Os mendigos não têm o sentido da gratidão. Por isso, ele disse: “Vou tratar. Mas acabaram-se os tratamentos gratuitos! Nada de Reiki, Reiki, Reiki, ou aulas, porque nunca hão-de aprender a apreciar.” E isto é inteiramente verdade. Naquele momento, o Mestre Usui estava tão feliz porque o podia fazer. “Assim, acabou-se o Reiki gratuito. Tudo tem de estar bem lá no cimo, para que possamos ter uma boa mente e corpo para tornar o ser humano um todo outra vez. “
E isto é verdade. Em 1936, quando regressei do Japão, o Mestre Hayashi avisou-me: “Quando te tornares um Mestre, nunca o faças gratuitamente, porque não lhe darão valor, porque foi gratuito. Se não tem pagamento, não tem valor.” Mais uma vez, perguntei ao meu professor: “Mestre Hayashi, consente que faça uma só classe gratuitamente? Uma classe para todas as pessoas que me ajudaram ao longo deste ano de tristeza e sofrimento? Gostaria de lhes dar uma aula de Reiki de graça para que pudessem beneficiar.” E o Mestre Hayashi respondeu: “Agora que estás bem, podes mostrar-lhe a tua gratidão através de tratamento, quando precisarem, mas não para lhes dares uma aula para depois usarem esses ensinamentos e te beneficiares. Isso nunca será aceitável.”
Com este esclarecimento, disse para mim: “Bom, tenho de tentar.” As primeiras pessoas a quem dei aulas de graça foram os meus melhores amigos e familiares. Eram meus cunhados. Todos os meus cunhados tiveram aulas gratuitas, depois foram os meus vizinhos, também gratuitamente. Depois vieram as minhas duas irmãs. Pedi-lhes: “Esperem, esperem. Ainda não vos vou ensinar.” As minhas irmãs ficaram um pouco chateadas e disseram: “Os vizinhos e os nossos cunhados disseram que lhes ensinaste uma coisa maravilhosa.” E eu respondi: “Primeiro, tenho de ver se são bem-sucedidos.
Neste momento, tenho de vos dizer que não.” E esperei. Certo dia, estava a estender a roupa, quando um vizinho se aproximou, dizendo: “Hoje, a minha filha não foi à escola, porque tem uma dor no estômago. E trouxe-a, para a ver.” Respondi-lhe: “Por que não lhe deu o tratamento? Por que o ensinei? Por que não tenta? Você nem sequer tentou!” O vizinho replicou: “Não o vou fazer. Por que haveria? Você é que é a terapeuta e vive mesmo aqui ao lado. É mais fácil trazer-lhe a minha filha do que ser eu a fazer-lhe o tratamento, porque assim eu sei que ela vai ficar bem.” Esta foi a minha primeira decepção. Do outro lado da vila, outro vizinho disse: “O nariz da minha filha está ranhoso e a professora mandou-a para casa, porque é contagioso, deve ser gripe. Por isso, trouxe-lhe a minha filha, quero que a trate.” Perguntei: “Mas eu não lhe ensinei como se faz?” E ela respondeu: “Sim, mas por que haveria de o fazer, se tenho um carro e posso vir a correr ter consigo? Você é que é a terapeuta, e se for você a tratá-la eu tenho a certeza de que ela vai ficar bem.” E então perguntei-lhe: “Alguma vez chegou a tentar fazer o que ensinei?” Respondeu-me que não: “Por que haveria?” Estão a ver? Nenhuma gratidão! E, acreditem ou não, escondi-me em casa e fartei-me de chorar.
Olhei em volta, para o meu país, fiz uma vénia ao Mestre Hayashi e também à campa do Mestre Usui. Disse para mim: “Perdoem-me por ter errado. Não ajudei ninguém porque não o aceitaram com gratidão e espiritualidade, pois não tiveram que gastar um tostão.” Concluí: “É muito triste, mas vou passar a recusá-los doravante, para os fazer usar o que lhes ensinei.”
Três meses depois, as minhas irmãs voltaram e perguntaram: “Agora já tens tempo para nos ensinar?” Eu disse: “Sim. Mas têm a certeza de que querem aprender Reiki?” Responderam que sim: “Ouvimos falar muitas coisas boas sobre ti, mas porquê isso, os nossos cunhados sabem Reiki mas não os teus familiares de sangue?” “Porque é preciso pagar.” Exclamaram: “Ah, é preciso pagar! Quanto é?” “Trezentos dólares.” Respondeu: “Agora não tenho essa quantia. Tenho de ir falar primeiro com o meu marido.” Eu disse: “Muito bem. Não tens de me pagar tudo de uma vez, pode ser a prestações.
Eu não irei à tua casa buscar o dinheiro. Terás de ser tu a trazê-lo à minha casa nas datas combinadas.”
A minha irmã não ficou lá muito contente. Foi para casa, falou com o marido, e contou o que ele lhe disse: “Perguntaste à tua irmã se podias aprender Reiki com ela?” Ela respondeu-lhe que sim. “Bem, se lhe perguntaste se podias aprender com ela, então tens de pagar. Propões-lhe pagar em prestações. E se é para tu lhe ires levar o dinheiro lá a casa nas datas combinadas, assim o farás, é o que está certo. Está correcto, está tudo correcto. É melhor fazê-lo, é esta a minha opinião.” Foi isto que o marido lhe disse. Como ele concordou, a minha irmã voltou e disse-me: “Sim, vamos pagar-te em prestações de 25 dólares por mês.” Respondi-lhe: “Sim, assim está bem. Agora, vai. É tudo.” E assim ambas as minhas irmãs compreenderam, e pagaram-me em prestações. Não me senti lá muito bem com esta situação, mas era o princípio que devia seguir. E quando sucedeu uma das filhas da minha irmã ter asma, usou os ensinamentos, porque tinha pago bem para os receber. “Não a podia levar ao médico. Sabes, irmã, funcionou! Estou muito feliz, aprendi e funcionou! Agora ela vai voltar a dormir bem.” E eu disse: “Aprendeste a lição?” “Sim. Vim cá para pedir desculpa por não ter ficado muito satisfeita na altura e por me sentir tão radiante agora que experienciei os ensinamentos. Já compreendo por que me cobraste. Eu sei. Querias que fosse uma boa praticante. Agora, já não tenho despesas com o médico, não tenho de ir a correr para o hospital sempre que tem uma constipação ou um ataque de asma ou bronquite ou dores de barriga. Eu tenho três filhos. Agora compreendo porquê, e aqui, hoje, faço-te uma profunda vénia e agradeço-te e sou-te muito grata. Vou fazer bom uso deste ensinamento.” E assim o fez.
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Saudações Reikianas
NAMASTÉ