Reflexão: As Missões das Almas
Caros leitores,
Todo espírito certamente deseja progredir dando o seu contributo para a obra da solidariedade universal, recebendo dos espíritos mais elevados uma missão particular, adequada às suas aptidões e ao seu “estádio” evolutivo.
Uns cumprem a tarefa de receber os espíritos no seu retorno à vida espiritual, guiá-los, ajudá-los a desprenderem-se dos fluidos espessos que os envolvem; outros têm a missão de consolar, instruindo as almas sofredoras e atrasadas. Espíritos de químicos, físicos, naturalistas, astrónomos, continuam as em suas pesquisas, estudam os mundos, as superfícies, as profundezas ocultas, atuam em todos os lugares sobre a matéria sutil, que fazem passar por preparações, modificações destinadas a obras que a imaginação humana teria dificuldades em imaginar.
Os espíritos menos evoluídos auxiliam os primeiros nas suas tarefas variadas como auxiliares.
Um grande número de espíritos se destina aos habitantes da Terra e dos outros planetas, estimulando-os nas suas pesquisas, fortalecendo os ânimos abatidos, guiando os hesitantes pelo caminho do dever. Aqueles que praticaram a medicina e possuem o segredo dos fluidos curativos, reparadores, ocupam-se mais especialmente dos doentes [Os casos de curas feitas pelos espíritos são muito numerosos e serão encontradas relações em toda a literatura espírita].
A mais bela de todas as missões é a dos espíritos de luz. Vêm dos espaços celestes para trazer à humanidade os tesouros da sua ciência, da sua sabedoria, do seu amor. A sua tarefa é um sacrifício constante, porque o contato com os mundos materiais é penoso para eles; porém, encaram todos os sofrimentos por dedicação aos seus protegidos, com o objectivo de os assistir nas suas provas e enraizarem no coração deles grandes e generosas intuições.
É justo atribuir-lhes esses clarões de inspiração que iluminam o pensamento, esses desafogos da alma, essa força moral que nos sustenta nas dificuldades da vida. Se tivessem a noção da quantidade de constrangimentos que esses nobres espíritos suportam e toleram para chegarem até nós, responderíam melhor às suas solicitações, fazendo esforços enérgicos para nos desligarmos de tudo o que é insignificante e impuro, unindo-nos a eles na comunhão divina.
Nas horas e momentos de dificuldades, é para esses espíritos (guias), que os meus pensamentos e apelos se direccionam. Deles obtenho o apoio moral e as consolações supremas. Subi com muita dificuldade os atalhos da vida; a minha infância foi dura. Mais tarde, no meu trabalho, muitas vezes tropecei nas pedras do caminho; fui mordido pelas serpentes do ódio e da inveja. E agora na hora crepúsculo as sombras sobem e rodeiam-me; sinto as minhas forças abaterem-se e os meus órgãos a enfraquecerem. Mas nunca me faltou a ajuda dos meus amigos espirituais, nunca a minha voz os evocou em vão.
Algumas vezes, no recolhimento do fim do dia ou no silêncio da noite, as suas vozes falam-me, embalam-me e confortam-me, entoando na minha solidão como uma melodia vaga.
Posso-me esquecer das misérias humanas para me alegrar na esperança de um dia rever esses amigos, de me reunir com eles na luz, se Deus me julgar digno disso, com todos aqueles que amei e que, do seio do além, me ajudaram a percorrer mais uma caminhada terrestre.
Toda a alma vem de Deus e retorna a Deus percorrendo o imenso ciclo dos seus destinos. Por mais baixo que tenha descido, mais cedo ou mais tarde, pela atração divina, sobe de novo para o infinito. E o que procura ela? O conhecimento mais perfeito do universo, a assimilação mais completa dos seus atributos: beleza, verdade, amor; ao mesmo tempo, uma libertação gradual das escravizações da matéria, uma colaboração crescente na obra eterna.
Cada espírito, no espaço, tem a sua vocação e persegue-a com facilidades desconhecidas na Terra; cada um encontra o seu lugar nesse soberbo campo de ação, nesse vasto laboratório universal.
Por todos os lados, tanto na amplidão como nos mundos, objetos de estudo e de trabalho, meios de elevação, de participação na obra divina, oferecem-se à alma laboriosa. Já não é o céu frio e vazio dos materialistas, nem mesmo o céu contemplativo e beato de certos crentes. É um universo vivo, animado, luminoso, repleto de seres inteligentes em constante de evolução.
Quanto mais esses seres espirituais se elevam, mais a sua tarefa se acentua, mais importância passam a ter as suas missões. Um dia, alcançam um lugar entre as almas mensageiras que vão levar aos confins do tempo e do espaço as forças e as vontades da alma infinita.
Para o espírito mais inferior, assim como para o mais importante, o domínio da vida não possui limites. Seja qual for a altura a que tenhamos chegado, há sempre um plano superior a ser alcançado, uma nova perfeição a ser concretizada.
À medida que a alma se vai distanciando das esferas inferiores, onde reinam as influências pesadas, onde se agitam as vidas toscas, banais ou culpadas, as existências de lenta e penosa educação, a alma vai percebendo as altas manifestações da inteligência, da justiça, da bondade e a sua vida torna-se cada vez mais bela e divina. Os murmúrios confusos, os ruídos discordes dos centros humanos vão pouco a pouco enfraquecendo para ela, até que se extinguem por completo; ao mesmo tempo, começa a perceber os ecos harmoniosos das sociedades celestes. É o limiar das regiões felizes, onde reina uma eterna claridade, onde paira uma atmosfera de benevolência, serenidade e paz, onde todas as coisas saem perfeitas e puras das mãos de Deus.
A diferença profunda que existe entre a vida terrestre e a vida do espaço reside no sentimento de libertação, de alívio, na liberdade absoluta que desfrutam os espíritos bons e puros.
NAMASTÊ