Caros Irmãos,
Todo Homem que observa e reflecte não pode dissimular que a sociedade moderna atravessa uma crise ameaçadora. Uma profunda decomposição a corrói surdamente. Os ódios que dividem as classes, o engodo do lucro, o desejo dos gozos, tornam-se a cada dia mais rudes, mais ardentes. Quer-se possuir a todo preço. Todos os meios são bons para adquirir o bem-estar, a fortuna, único objectivo que se julga digno da vida. Tais aspirações não podem produzir senão duas consequências: o egoísmo impiedoso entre os felizes, o desespero e a revolta entre os infortunados. A situação dos pequenos, dos humildes é dolorosa, e muito frequentemente, mergulhados numa noite moral onde nenhuma consolação ilumina, são levados a procurar no suicídio o fim de seus males.
O espectáculo das desigualdades sociais, os sofrimentos de uns, em oposição às aparentes alegrias e a indiferença de outros, atiçam entre os deserdados ardentes cobiças. Daí então a reivindicação de bens materiais se acentua. Basta que as massas inferiorizadas se levantem, e o mundo estará perto de ser abalado por atrozes convulsões.
A ciência é impotente para conjurar o mal, recuperar caracteres, curar as feridas dos combates da vida. Na realidade na nossa época, quase que só existem ciências especializadas em certos aspectos da natureza, reunindo fatos, trazendo ao espírito humano uma soma de conhecimentos que lhe é própria. Foi assim que as ciências físicas se tornaram prodigiosamente enriquecidas após meio século, mas nessas construções falta o laço de união e de harmonia. A ciência por excelência, aquela que da série de fatos remonta à causa que os produziram, que deve religar, unir essas diversas ciências numa grande e magnífica síntese, fazendo brotar uma concepção geral da vida, fixando os nossos destinos, destacando uma lei moral, uma base de melhoria social, esta ciência universal, indispensável, ainda não existe.
Se as religiões agonizam, se a fé vigilante morreu, se a ciência está impotente para fornecer ao homem o ideal necessário, para regulamentar sua marcha e melhorar as sociedades, ficaremos todos, então, sem esperança?
Não, porque uma doutrina de paz, fraternidade e progresso se eleva sobre o mundo conturbado, vindo apaziguar os ódios selvagens, acalmar as paixões, ensinar a todos a solidariedade, o perdão, a bondade e o AMOR.
Ela oferece à ciência esta síntese, aguardada, sem a qual tudo permaneceria para sempre em estado estéril. Triunfa da morte e, para adiante desta vida de provas e de males, abre ao espírito as perspectivas radiosas de um progresso sem limites na imortalidade.
Diz a todos: Venham a mim, eu os aquecerei, os consolarei, tornarei as vossas vidas mais doces, a coragem e a paciência mais fáceis, as provas mais suportáveis. Acalmarei com uma poderosa razão os seus obscuros e tortuosos caminhos. Àqueles que sofrem darei a esperança; aos que procuram, darei a luz; aos que duvidam e desesperam, darei a certeza e a fé.
Diz ainda: «Sejam irmãos, ajudem-se, socorram-se em sua marcha colectiva. Os seus objectivos estão além desta vida material e transitória; será nesse porvir espiritual que vocês se reunirão como membros de uma só família, ao abrigo das preocupações, das necessidades e dos inúmeros males. Mereçam-no então pelos seus esforços e trabalhos!»
A humanidade se erguerá grande e forte no dia em que esta doutrina, fonte infinita de consolações, for compreendida e aceite. Nesse dia, a inveja e a raiva se extinguirão no coração dos pequeninos; o poderoso, compreendendo que tem sido fraco, e que pode redimir-se, que a sua riqueza é apenas um empréstimo do alto, tornar-se-á mais caridoso e mais dócil com os seus irmãos infelizes. A ciência, concluída, fecundada pela nova filosofia, verá cair diante dela as superstições e as trevas. Não mais ateus e cépticos. Uma fé simples, grande, fraterna, se estenderá sobre as nações, fazendo cessar os seus ressentimentos e as profundas rivalidades. A Terra, liberta dos flagelos que a devoram, prosseguindo a sua ascensão moral, elevar-se-á um degrau na escala dos mundos.
Saudações Holísticas
NAMASTÊ